A incerteza sobre a economia europeia, aliada ao temor com a inflação e à expectativa de aumento de juros no Brasil, diminuiu o ritmo de avanço do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que subiu apenas 0,6% em maio, depois de avançar 3,6% em abril. Para o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloísio Campelo, a confiança do consumidor continua em um patamar bom, mas estes fatores de preocupação ajudaram a derrubar as expectativas do brasileiro quanto aos rumos futuros da economia do País. Tanto que o Índice de Expectativas (IE), um dos dois subindicadores do ICC, caiu 0,4% em maio, ante abril.
O ICC é calculado com base em cinco tópicos da Sondagem das Expectativas do Consumidor, realizada pela FGV. Em maio, as famílias mais ricas tiveram papel preponderante ao “segurar” o avanço do indicador no mês. Somente entre famílias com renda acima de R$ 9,6 mil, o ICC caiu 0,8% em maio ante abril. Isso porque os consumidores mais abastados ficaram cautelosos com o agravamento da crise na Grécia.
As notícias sobre a possibilidade de um contágio do cenário de turbulência grego à economia europeia ocorreram no período de coleta de dados para cálculo do indicador do mês (entre 3 e 20 de maio). As sucessivas quedas na Bolsa por conta do ambiente de turbulência também ajudaram a derrubar a confiança dos consumidores mais ricos, visto que estes são, notadamente, investidores em ações.
Campelo comentou que, entre famílias com renda mais baixa, os pontos de preocupação são diferentes. “Temos de considerar que a preocupação com a crise na Europa é uma preocupação mais das classes de renda mais elevada. A preocupação das famílias de renda mais baixa é mais voltada para o avanço da inflação, com os juros”, afirmou.
Na sondagem das expectativas do consumidor, a expectativa de inflação para os próximos 12 meses saltou de 6,2% para 6,4%, de abril para maio. No entanto, as expectativas de compras de bens duráveis nos próximos meses continuam boas: aumentaram de 27,8% para 28,4%, de abril para maio.

