Promoções neutralizam alta de preço de TV em anos de Copa

Em anos de Copa do Mundo, as promoções feitas pelos varejistas contêm a alta de preços de televisores que poderia ser causada pelo aumento de demanda pelos aparelhos. “Por hipótese, devem surgir tantas promoções que um efeito elimina o outro”, explicou o economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), André Braz. O período de compra dos televisores para acompanhar o evento mundial costuma ser em maio e junho. Nos anos de Copa do Mundo, o que se nota é que os preços dos aparelhos oscilam pouco neste período.

Em 1998, os preços variaram 0,14% em maio e 1,29% em junho. Naquele ano, enquanto as vendas industriais de TV ficaram entre 300 e 400 mil, nos meses de maio (691.794) e de junho (604.176) o volume superou os 600 mil, segundo dados da Eletros (Associação Brasileira de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). Em 2002, a variação de preços foi de 0,46% e 1,07% nos meses de maio e de junho, quando as vendas ficaram em 527.053 e 454.367 unidades, também picos de vendas industriais para o ano. Em 2006, os televisores ficaram 2,95% e 1,18% mais baratos em maio e junho. “O lançamento de novas tecnologias tende a baratear os produtos mais antigos”, disse Braz, em relação às quedas de preços em alguns momentos.

Em 2010, uma pesquisa realizada pela Serasa Experian mostrou que 66% dos varejistas pretendem fazer promoções no período da Copa, com destaque para as médias empresas e as da região Nordeste. Os produtos mais procurados serão artigos para torcida, indicados por 53% dos varejistas, seguidos de TV de alta definição (22%), bebidas em geral (16%), TV convencional (14%) e eletrônicos (15%).

De acordo com o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, neste ano, os preços dos televisores não devem apresentar tantas oscilações, a exemplo dos anos anteriores de Copa. “Em ambiente com o consumidor mais endividado, não tem como repassar preços, a não ser que faltem televisores, o que não acredito que possa acontecer. A indústria está em plena capacidade”.

O endividamento do consumidor, de acordo com ele, acontece devido aos incentivos fiscais dados pelo governo durante a crise econômica, a exemplo da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a compra de carros, materiais de construção e móveis. Neste ano, os preços dos televisores caíram 0,06% em janeiro e 0,21% em fevereiro, além de terem ficado praticamente estáveis em março (0,06%). A partir do Dia das Mães, segundo Almeida, os consumidores começam a pensar nas aquisições para a Copa da África do Sul.