Crise econômica altera perfil das exportações

A crise econômica global registrada no fim de 2008, que impactou com mais força outros países do mundo, devido aos problemas por conta da questão de bancos pedindo concordata e países de olho no aumento de suas dívidas, e preocupação este que se estendeu até o começo e meio do ano passado, em várias regiões do mundo, inclusive no mercado brasileiro promoveu uma importante alteração na composição de produtos e dos destinos da produção exportada na Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Segundo apuraram especialistas em balança comercial e economistas de plantão, ocorreu uma ênfase maior de exportar para países vizinhos. Isso fez com que aumentasse o percentual de participação da Argentina como demandante de produtos da região e provocou também ascensão do mercado mexicano como destino de produtos da RMC. Esse crescimento surgiu em função da queda de destinos como os Estados Unidos e Venezuela. A região agora está se inserindo no exterior vendendo automóvel pronto e autopeças. A avaliação é do professor Adauto Roberto Ribeiro diretor do departamento de economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC Campinas) e coordenador do boletim econômico da PUC Campinas – Acompanhamento do Comércio Exterior da RMC.

“Eu acho que a dinâmica da produção interna está se recuperando ao nível pré-crise, recuperando também a importação que volta a níveis cada vez mais crescentes e a questão do câmbio valorizado ajuda a importar mais. No caso da exportação, a recuperação das economias externas está demandando produtos para a região, então a exportação está voltando ao patamar pré-crise.”

A pesquisa mostra que o mês de março registrou um crescimento de 18% na exportação de bens em relação a fevereiro e um aumento de 25,4% na importação de bens. Os dados revelam que houve um crescimento de 12.6% nas exportações na comparação com março do ano anterior e de 40,2% nas importações na mesma base de comparação. No acumulado do ano, de janeiro a março, a exportação cresceu 12,7% e a importação 19,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em três meses a movimentação da exportação chega a US$ 1,06 bilhão e a importação US$ 2.38 bilhões gerando um déficit na balança comercial da ordem de US$ 1,31 bilhão.

O maior município exportador da RMC é Campinas, que movimentou no primeiro trimestre deste ano US$ 226,9 milhões, 4,2% superior ao que foi movimentado no mesmo período do ano passado que ficou em US$ 217,7 milhões. Em segundo lugar vem o município de Indaiatuba no qual o valor das operações de exportação chega a US$ 172,9 milhões de janeiro a março deste ano, um crescimento significativo de 64,6% em relação a 2009 quando foram movimentados US$ 105 milhões.

A cidade de Sumaré aparece em terceiro no ranking com uma movimentação exportadora no primeiro trimestre deste ano da ordem de US$ 149.9 milhões, um crescimento de 10% em relação ao ano passado que foi de US$ 136,2 milhões. Paulínia vem em quarto lugar com US$ 137,72 milhões, com um crescimento de 37% em relação ao registrado no ano passado que foi de US$ 100,2 milhões. O Município de Jaguariúna apresentou uma queda de 48,5% em relação ao movimento exportador do período de janeiro a março do ano passado. No primeiro trimestre de 2009 havia sido de US$ 161,8 milhões e em 2010 ficou em US$ 83,4 milhões.

Para o professor Adauto Ribeiro essa movimentação coloca em evidência a alteração de produtos exportados. “A localização de duas plantas da indústria automotiva na região tem feito inclusive que Indaiatuba que oscilava entre a quarta e quinta colocação em exportação passasse para segundo lugar e Jaguariúna que estava em primeiro lugar há dois anos atrás passasse agora para quinto lugar. Uma queda forte da exportação de eletroeletrônico em Jaguariúna e uma ascensão de Indaiatuba e Sumaré em exportação de automóveis e autopeças”, avalia ele.