O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia nesta terça-feira (27/04) sua terceira reunião do ano sob expectativas de aumento da taxa básica de juro (Selic). A dúvida dos analistas é quanto a dosagem. Enquanto o boletim Focus aponta para aumento dos atuais 8,75% para 9,25% ao ano, há prognósticos também para juros de 9,5%. Ainda segundo o Focus, a alta da inflação ameaça chegar a 5,41% no final deste ano, ante o centro da meta fixada pelo governo de 4,5%, com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A reunião do Copom dura dois dias e a nova taxa de juros deve ser anunciada no final da tarde de quarta-feira (28/04).
De acordo com o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Evaldo Alves, “estamos vivendo um processo de pressão inflacionária de modestas dimensões”, e reconhece que alguns preços possam aumentar um pouco mais. Ele ressalta, no entanto, que existem instrumentos monetários à disposição dos condutores da política econômica para domar a inflação. O aumento da taxa de juros é, segundo ele, um instrumento clássico, eficaz e rápido para o controle de pressões inflacionárias e entende que essa medida “deveria ter sido tomada” na reunião dos dias 16 e 17 de março, quando “a inflação já demonstrava consistência”. Ele acha que uma alta de 0,5 ponto percentual está de bom tamanho.
A economista Maristella Ansanelli, do Banco Fibra, entende, porém, que a graduação da taxa de juros deve ser um pouco mais alta, na faixa de 0,75 ponto percentual. Isso porque, na sua visão, “as pressões pontuais e localizadas do início do ano têm se mostrado persistentes”, e contaminam os demais preços da economia. Ela lembra que, na última reunião do Copom, as expectativas de inflação para os próximos 12 meses era de 4,55% e agora são de 4,73%, além de a perspectiva inflacionária de 2011 ter passado de 4,6% para 4,8%, de acordo com o boletim Focus.

