Ponto Frio mostra rápida recuperação

Há apenas seis meses à frente da gestão do Ponto Frio, a equipe destacada pelo Grupo Pão de Açúcar já conseguiu fazer praticamente o “turnaround” (virada) da rede carioca de eletroeletrônicos.

“A recuperação [das vendas] veio antes do previsto”, afirma a analista da corretora Ativa, Juliana Campos.

Embora a conjuntura macroeconômica tenha sido favorável, o mérito pelo bom desempenho do Ponto Frio nos três últimos meses do ano pode ser atribuído, em grande parte, à nova administração, avalia.

A gestão anterior da companhia enfrentou um período difícil.

O Ponto Frio passou por um desgastante processo de venda, que se arrastou por 10 anos.

Com a aquisição pelo Pão de Açúcar, em junho de 2009, a rede voltou ao “jogo”.

“O que dá para perceber é que, agora, eles estão com fome de mercado”, diz o executivo de uma grande fabricante de eletroeletrônicos.

O Ponto Frio voltou a dar melhores condições de pagamento, retomou investimentos em propaganda e, sobretudo, reforçou a oferta de mercadorias nas lojas.

No quarto trimestre, as vendas cresceram 23,8% em relação a igual período de 2008, para R$ 1,63 bilhão.

Se consideradas as lojas que já estão em operação há mais de um ano, o aumento nas vendas foi de 22% nos três últimos meses de 2009, percentual bastante elevado para os padrões do varejo.

O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, registrou um crescimento de 10,6% nas vendas brutas no quarto trimestre no conceito “mesmas lojas”.

O forte desempenho das vendas, contudo, não vai resultar, nesse primeiro momento, em bons resultados nas últimas linhas do balanço.

Segundo Enéas Pestana, os gastos com a reestruturação devem corroer os ganhos obtidos na primeira linha ao longo do segundo semestre de 2009.

Como a aquisição também não foi aprovada pelas autoridades antitruste, o Pão de Açúcar não pode avançar na integração dos negócios, nem no Ponto Frio e menos ainda na Casas Bahia, o que impede os ganhos de sinergia.

As operações das duas varejistas será fundida em um nova companhia, na qual o Ponto Frio (Pão de Açúcar) terá 51% do capital e a Casas Bahia os 49% restantes.

A rede Extra Eletro, do Pão de Açúcar, e que também será transferida para a nova empresa, deixará de existir.

Chefiada por Jorge Herzog, que já havia participado da reestruturação da Sendas, em 2008, algumas mudanças já são visíveis no Ponto Frio.

Segundo fontes do setor, a nova gestão não desmantelou a administração anterior, pelo menos por enquanto.

Uma das primeiras alterações percebidas foi na área comercial.

Quem está à frente agora das negociações com os fornecedores é Marise Araújo, que já respondia pela aquisição de não-alimentos do Pão de Açúcar.

Marise tem a vantagem de conhecer bem as duas empresas: antes de ir para Pão de Açúcar, a executiva havia passado pelo Ponto Frio.