Boletim Econômico – 23 a 27 de abril

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– Mercado ajustou expectativas para a inflação, PIB e câmbio deste ano

De acordo com o Relatório Focus, divulgado há pouco pelo Banco Central, o mercado fez pequenos ajustes em suas expectativas de inflação, PIB e câmbio para 2018. No caso das expectativas para o IPCA deste ano, a mediana subiu de 3,48% para 3,49% e, para 2019, recuou de 4,07% para 4,00%. Já a mediana das expectativas para o crescimento do PIB deste ano passou de 2,76% para 2,75%, enquanto a de 2019 manteve-se em 3,00%. No que se refere ao câmbio, as expectativas avançaram de R$/US$ 3,30 para R$/US$ 3,33 para o encerramento de 2018 e de R$/US$ 3,39 para R$/US$ 3,40 no final de 2019. Por fim, as medianas das expectativas para a taxa Selic no final deste ano e do próximo se mantiveram em 6,25% e 8,00%, respectivamente.

Destaques da Semana

– Atenções no Brasil estarão voltadas para as notas do setor externo e de crédito, além da taxa de desemprego e o IGP-M, enquanto o foco internacional estará nos dados de PIB dos EUA e do Reino Unido

Um cenário de balanço de pagamentos ajustado, melhora do mercado de crédito e de inflação comportada deve ser reforçado ao longo da semana. A nota do setor externo (quarta-feira) deverá confirmar o quadro de balanço de pagamentos ajustado no Brasil. No lado do crédito (quinta-feira), a continuidade de melhora das concessões e a queda da inadimplência deverão ser os destaques da nota de março. No lado fiscal (quinta-feira), esperamos continuidade de recuperação das receitas e dinâmica contida das despesas. Para o IGP-M de abril (sexta-feira), projetamos alta de 0,54%. Assim, o indicador deverá mostrar desaceleração do IPA agrícola e dinâmica contida do núcleo do IPA industrial. Ainda teremos a decisão de bandeira tarifária de energia para maio: esperamos alteração de verde (sem custos) para amarela (R$ 1,0 a cada 100kwh). No lado da atividade, teremos a divulgação da taxa de desemprego (sexta-feira) e as sondagens de abril da FGV para serviços, comércio e construção. Na agenda internacional, as atenções se voltam para os dados de PIB nos EUA e Reino Unido, ambos referentes ao primeiro trimestre (divulgados na sexta-feira). Para os EUA, esperamos crescimento acima de 2,0% em termos anualizados. Já para o Reino Unido, a alta deverá ser próxima de 1,6%, na mesma métrica.

Atividade

– Caged: criação de vagas formais em março reforçou tendência de retomada gradual da atividade

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na sexta feira, registraram abertura líquida de 56,1 mil vagas formais de trabalho em março, ligeiramente superior ao esperado pela mediana das projeções do mercado (criação de 48 mil). Descontados os efeitos sazonais, foram criados 26,6 mil postos, acelerando em relação aos 15,5 mil gerados no mês anterior. O número de admitidos avançou 1,2% na margem, enquanto o volume de desligados cresceu 0,3%. Assim, a média do primeiro trimestre de manteve-se em torno de 35 mil postos de trabalho. Esse resultado de março é moderado, reforçando nossa visão de retomada gradual da atividade econômica ao longo do ano.

Inflação

– IBGE: IPCA-15 de abril reforçou cenário benigno para a inflação

O IPCA-15 registrou alta de 0,21% em abril, de acordo com os dados divulgados na última sexta-feira pelo IBGE. O resultado veio ligeiramente abaixo da nossa projeção (0,24%) e da mediana das expectativas do mercado (0,25%). Em relação ao nosso número, a surpresa concentrou-se em gasolina e aluguel. O avanço em relação a março, quando o índice registrou elevação 0,10%, refletiu principalmente a maior inflação de vestuário, que acelerou de 0,00% para 0,43%, mantendo padrão sazonal, dada a entrada de nova coleção de moda. No mesmo sentido, os preços de alimentação e bebidas passaram de -0,07% para 0,15%. Já os preços de educação oscilaram de uma elevação de 0,25% para outra de apenas 0,02%, refletindo ainda a dissipação dos efeitos dos reajustes escolares. Com isso, o IPCA-15 acumulou altas de 2,80% nos últimos doze meses e de 1,08% neste ano, sendo a inflação mais baixa acumulada para o período desde a implementação do Plano Real. Com esse resultado, para o fechado do mês, esperamos uma variação em torno de 0,30%, com viés de baixa.

Internacional

– Área do Euro: PMI de abril manteve-se inalterado, em um patamar elevado

O índice PMI composto da Área do Euro manteve-se estável em 55,2 pontos na passagem de março para abril, segundo leitura preliminar divulgada hoje pela Markit (valores acima de 50 indicam expansão). Esse resultado veio acima da mediana das expectativas do mercado, de uma queda de 0,4 ponto. Para tanto, o índice de serviços avançou de 54,9 para 55,0 pontos, enquanto o componente da indústria recuou de 56,6 para 56,0 pontos. Regionalmente, destacamos o resultado da Alemanha, cujo índice agregado avançou 0,2 ponto, com alta de 0,2 ponto do índice do setor de serviços e queda de 0,1 ponto da indústria. Esse resultado indica manutenção do crescimento da economia do bloco, compatível com nossa projeção de alta de 2,2% do PIB em 2018.

Tendências de Mercado

Os mercados acionários operam em baixa nesta manhã, apesar da manutenção de um cenário geopolítico mais tranquilo. Na Ásia, as bolsas de Tóquio e de Hong Kong encerraram o pregão no campo negativo, pressionadas pelo desempenho das empresas de tecnologia, enquanto o índice de Shanghai apresentou ligeiro avanço. Os principais mercados acionários europeus operam com perdas, enquanto os índices futuros das bolsas norte-americanas recuam.

No mercado de divisas, o dólar se fortalece ante as principais moedas dos países desenvolvidos e emergentes. Nesta semana, destaque para a divulgação do PIB do primeiro trimestre e de outros indicadores de atividade dos Estados Unidos.

Em relação às commodities, as cotações do petróleo apresentam ligeiro recuo. O mercado segue atento à possibilidade de um novo acordo de redução de produção da Opep, o que tem dado suporte aos preços. Os principais metais industriais são negociados em baixa, enquanto as cotações das agrícolas avançam, com exceção do açúcar.

No mercado de juros doméstico, as taxas mais curtas devem reagir às projeções contidas no relatório Focus, divulgado há pouco pelo BC, enquanto as taxas longas devem refletir o cenário internacional.