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Quer aumentar a atração que os seus produtos exercem no consumidor? Estampe a imagem de algum personagem famoso. A estratégia, bastante utilizada pelas marcas de produtos infantis – como vestuário, brinquedos e acessórios -, o segemento que mais utiliza o licenciamento em seus negócios. O mercado infantil está em plena ascenção com crescimento de 14% em 2016. Nesse universo, utilizar a imagem do Mickey Mouse, da Peppa ou da Ladybug, por exemplo, aumenta em 20% as chances do produto ser vendido.
De acordo com a Associação Brasileira de Licenciamento (ABRAL), existem 500 empresas licenciadas e 600 licenças disponíveis para o uso da indústria e varejo brasileiros – e 80% delas são estrangeiras. O mercado aqui é composto por 50 agências licenciadoras, que geram 1500 empregos diretos e outros milhares indiretos. Em 2016, o faturamento dos itens licenciados no varejo foi de R$ 17,8 bilhões, ou 5% de cescimento em relação a 2015. Os segmentos de confecção, papelaria, brinquedos, personal care e alimentação são os que mais recorrem a essa "poderosa ferramenta de marketing", como descreve Marici Ferreira, presidente da ABRAL.

"O licenciamento é uma poderosa ferramenta de marketing que pode ajudar o varejo a se aproximar e estreitar seu relacionamento com o cliente, além de gerar crescimento de vendas.
Quando o varejo utiliza o licenciamento de um personagem ou marca em seus produtos, ele alia os valores intangíveis desta marca ou personagem, com o qual o cliente se identifica, a um produto físico. Isso desperta o desejo e interesse do cliente em comprar o produto licenciado", declara.
Infantil?
Embora o público infantil ainda seja a estrela desse mercado, representando 70% dos itens comercializados, o licenciamento para o público adulto cresce de maneira real para atender à demanda de alguns nichos.
Os "Geeks", público composto por jovens e adultos interessados no mundo "nerd" e em super heróis são os principais consumidores de itens licenciados. "O mercado de licenciamento para os adultos é promissor e cresce ano a ano. As marcas mais licenciadas são do segmento de bebidas, bandas, música, franquias cinematográficas, games, esportes e celebridades", enumera Marici, ampliando o expectro de atuação das marcas licenciadoras.
Há muito mercado a ser explorado. O licenciamento para Youtubers também está em desenvolvimento com muitos influenciadores assinando linhas de produtos que incluem itens como livros, t-shirts e acessórios. 70% do mercado de licenciamento são propriedades ligadas ao entretenimento e os segmentos que mais exploram o licenciamento são confecção e brinquedo.
"Licensing também apresenta desafios, um deles é encontrar parcerias rentáveis, duradouras e com muita sinergia para desenvolver produtos de qualidade, com boa distribuição. Acompanhar as mudanças no comportamento dos consumidores também é desafiador", avalia Fernanda Abreu, Diretora de Licenciamento e Promoção de Marcas da Endemol Shine Brasil.

Em uma época desafiadora para o varejo, muitas empresas encararam licensing como uma grande ferramenta de Marketing para melhorar as vendas diante um cenário economicamente conturbado, movimentando marcas, agências, indústrias e varejo. Uma delas foi a Arezzo, com o lançamento de uma linha em parceria com a Disney. A marca, consolidada no mercado de sapatos e acessórios, criou uma linha inspirada nos personagens Mickey e Minnie Mouse com mais de 20 produtos. "A parceria entre marcas fortes sempre é positiva, pois se utiliza do melhor de cada um. Neste caso, a Arezzo alia sua expertise na produção de calçados de moda com personagens já consolidados da Disney", pondera Marici.
Falando em Disney, a empresa continua sendo a maior licenciadora do mundo – e no Brasil não seria diferente. Marici afirma que "as marcas são pura magia, todos, desde as crianças até os adultos tem um desejo aspiracional de ter produtos Disney. Seu portfólio tem um número enorme de marcas, desde os personagens tradicionais como Mickey, séries infanto-juvenis nos canais de TV fechada, até os heróis da Marvel. Além disso, a Disney procura escolher bem seus parceiros, para garantir qualidade e segurança aos produtos licenciados e manter sua credibilidade junto ao consumidor final", esclarece.
Futebol: mercado a explorar
Porém, a mercado e oportunidades para outras marcas. No país do futebol, os times brasileiros ainda não exploram a fundo o pontencial econômico de licenciarem suas marcas. Estudo realizado por Amir Somoggi, os maiores clubes de futebol do Brasil movimentaram R$ 90 milhões em 2016 com licenciamento de marca. Isso representa 1,7% do faturamento total. Apenas o Grêmio se destaca: o clube finalista da Libertadores 2017 é o clube que mais faturou com licenciamentos em 2016, R$ 16,1 milhões, seguido do São Paulo com R$ 13,7 milhões, Flamengo R$ 12,9 milhões e Corinthians R$ 8,9 milhões. No entanto, os clubes europeus aproveitam muito bem esse nicho.
No Brasil, a UBrands representa Barcelona, Real Madrid, Inter de Milão, Roma, Atlético de Madrid, Manchester City e Porto. Sem abrir o faturamento da empresa, a Diretora de Licenciamanto Brasil, Silvana Rocco, afirma haver um target muito amplo no universo do futebol, mas o principal é masculino tem e adulto de todas as classes sociais.


