Idosos já representam boa parte do mercado consumidor

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Com novos hábitos e necessidades, eles pedem adequações no ponto de venda

Quem enxerga a “terceira idade” como um público velhinho e sem propensão às compras, está muito enganado. Os idosos já somam 25 milhões de brasileiros e compõem uma das faixas da pirâmide etária que mais cresce no Brasil. A previsão é que haja mais de 35 milhões de “sêniores” no país até 2026.

Anualmente, 670 mil pessoas entram nessa faixa etária, ostentando independência financeira e tempo livre, dois fatores que podem ser muito bem trabalhados pelo varejo e shopping centers desde que estejam preparados para atendê-los adequadamente.

"Há uma mudança na estrutura etária da sociedade. A indústria, o varejo e o setor de serviços precisam se adaptar a isso", diz Claudio Felisoni de Angelo, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração). Ele ressalta, entretanto, que o nível de exigência desse público é ainda maior do que o restante dos consumidores.

E as adaptações podem ser desde a criação de marcas/empresas e espaços especialmente dedicados a esse público – as redes de academia Vincere e B-Active, por exemplo, foram criadas para atender esse público e anotam crescimento de 20% ao ano – quanto pequenas adaptações realizadas no ponto de venda.

Pesquisa de opinião

“O varejo olha muito pouco para o público sênior e acaba não percebendo oportunidades em produtos e serviços que podem impactar a qualidade de vida desses consumidores”, ressalta Valéria Rodrigues, diretora da Officina Sophia Retail, responsável pelo estudo feito em parceria com o CIP (Centro de Inteligência Padrão). Esse estudo indica que, além de preço baixo, os idosos buscam elementos com aspectos de conforto e etiquetas visíveis são importantes para todo o público da terceira idade.

Os assuntos mais recorrentes entre as reclamações são a falta de atendentes treinados para dar explicações sobre produtos e etiquetas dos preços com letras maiores, além de ar-condicionado com temperaturas mais agradáveis.

A terceira idade gosta de pesquisar e 70% dos entrevistados afirmam buscar em várias lojas até encontrar o que procuram. Entre as mulheres, esse percentual chega a 79%. A maioria dos entrevistados, 57% (65% levando em conta somente as mulheres), considera ir ao supermercado para um passeio.

Eles gostam de observar as novidades e passam bastante tempo dentro da loja. Já a visita à farmácia é vista como obrigação por 85% deles e as compras nesses estabelecimentos são feitas rapidamente. Outro hábito peculiar de consumo é notado quando se trata de eletrodomésticos ou eletrônicos, pois 72% buscam esses produtos apenas quando o que está em uso quebra.

A seu favor

Para a consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate, o idoso está atrás de qualidade de vida. "O perfil do idoso mudou. Hoje ele quer agir igual ao jovem, tem dinheiro e saúde, e pretende desfrutar dos prazeres da vida", diz ela. O órgão condensou alguma dicas para os empresários aproveitarem melhor a interação com esse público.

EXPERIÊNCIA CONTA

  • Ouvidos abertos

A população mais idosa tem mais tempo livre e quer ser bem atendida. Vendedores precisam ser treinados para saber explicar os detalhes e responder todas as questões com paciência

  • Cuidado na rede

Cresce o uso de internet por pessoas mais velhas e, por isso, é interessante direcionar a elas um conteúdo on-line. Por outro lado, manter o atendimento pessoal ou por telefone é essencial

  • Caminho livre

Facilidade no acesso é fundamental, pois esse cliente exige mais comodidade. Ter estacionamento próprio conta pontos, assim como estar perto de uma estação de metrô ou de um ponto de ônibus.

  • Ambiente seguro

É importante adaptar o espaço físico, colocando rampas no lugar de escadas, por exemplo. A lógica também se aplica ao material escrito, que não deve conter letras muito pequenas