Importantes ajustes do cenário abrem condições para que próximo corte de juros seja de 0,50 p.p.

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Dentro do esperado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central optou por cortar novamente a taxa de juros em 0,25 p.p., levando a Selic a 13,75% a.a., em decisão anunciada ontem. Assim, o Copom deu continuidade ao ciclo de flexibilização das condições monetárias iniciado no mês passado. Houve importantes alterações no cenário, que deverão abrir espaço para que o ritmo de cortes seja intensificado daqui para frente. Isso porque, condicionantes que antes explicavam uma postura mais cautelosa por parte do Copom, hoje criam um ambiente mais propício para a convergência da inflação para 4,5% em 2017.

Assim, destacamos (i) o reconhecimento de que o desempenho da economia brasileira tem frustrado as expectativas e que a retomada tende ser mais lenta do que a esperada anteriormente, (ii) o comportamento mais favorável da inflação no curto prazo, não apenas de alimentos, mas de forma mais difundida (iii) a continuidade da queda das expectativas de inflação e das projeções para o horizonte relevante da política monetária e (iv) o avanço positivo da aprovação das reformas fiscais. O risco externo, contudo, ainda demanda maior atenção, tendo em vista as incertezas relacionadas à política econômica e à proximidade da alta dos juros nos EUA, o que tem trazido volatilidade aos preços dos ativos. Outros riscos ainda foram apontados, como as incertezas ainda presentes no ambiente político e a possibilidade de que a desinflação de itens mais ligados à atividade econômica seja interrompida.

De todo modo, a manutenção do cenário atual – marcado pela economia mais fraca, refletindo em um processo de desinflação mais rápido, o alívio da inflação de curto prazo e o ajuste fiscal avançando de forma mais célere – deverá intensificar o ritmo de desaceleração da inflação. Ou seja, entendemos que esse cenário tende a levar o Copom a alterar o ritmo de corte para 0,50 p.p. já a partir de sua próxima reunião. Vale lembrar que ao final de dezembro será divulgado o Relatório Trimestral de Inflação, quando o BC terá a oportunidade de ajustar sua comunicação e suas projeções, compatíveis com essa nossa expectativa.