Um dos grandes desafios do setor de Varejo é garantir que nunca faltem produtos nas prateleiras. O consumidor atual exige pronto atendimento e pode recorrer facilmente à concorrência quando não encontra o que deseja. Nesse cenário, Ney Santos, CIO do Grupo Pão de Açúcar, dedicou-se desde 2010 ao desenvolvimento de um projeto de modernização de processos, para substituição da antiga plataforma de Supply Chain. Todo o seu envolvimento rendeu a ele o prêmio IT Leaders 2012 na categoria Comércio.
O executivo, que disputou a medalha com os finalistas Nelson Cardoso, CIO da BR Distribuidora; e Flávio Lúcio Borges Martins da Silva, CIO da Martins Comércio e Distribuição, diz que em outubro será finalizada a primeira fase do projeto previsto para consumir três anos e que envolveu inicialmente 200 pessoas.
“Tudo fica complexo quando temos de administrar uma equipe desse tamanho”, diz Santos, que revela parte da receita do sucesso: “Garantir a comunicação correta da visão de negócio e manter o comprometimento da equipe”. Mas o pulo do gato está na manga do comandante: “Ser um grande vendedor para os gestores das áreas. Temos de evangelizar, catequizar e formar. É preciso estar junto aos principais transformadores da companhia”.
Santos explica que é desafiante substituir o legado. Especialmente sem impactar no negócio, fazendo com que nenhuma atividade seja interrompida e a nova prossiga da melhor forma possível. Ao colocar em operação a tecnologia Oracle Retail, que teve início no ano passado, ele sabia que iria mudar a forma de a empresa trabalhar. Por isso, a aproximação com as áreas de negócios e a promoção da confiança estão sendo ações fundamentais.
Como se trata de um projeto que irá consumir mais dois anos pela frente, Santos pensou em torná-lo vivo. Criou uma estratégia de divulgação de todas as partes que são finalizadas e entregues. “Dessa forma, todos têm a noção de que tudo está em andamento. Nada está parado”, ensina. E acrescenta: “É importante comemorar cada uma das pequenas conquistas ao longo do projeto. É uma maneira de estimular não somente quem está trabalhando, mas também quem passa a desfrutar das melhorias e ainda quem está para recebê-las”.
Uma das dicas para garantir uma boa execução, segundo o executivo, é empenhar-se para que todos estejam devidamente engajados. Hoje, segundo ele, a equipe envolvida no projeto caiu pela metade, são cem pessoas, reduzindo o nível de complexidade do gerenciamento. “Contudo, temos de continuar mantendo os mesmos procedimentos para que tudo corra bem.”
Santos diz que ainda há um desafio adicional: “Somos a primeira empresa a implementar essa solução da Oracle no Brasil e a quinta no mundo. Temos de fazer tudo com muita propriedade, pois seremos referência”, avisa. “Isso dá um peso maior na responsabilidade.”
Todo o esforço é para não deixar as prateleiras vazias e a tecnologia, de acordo com Santos, ajuda na projeção das vendas, em como alimentar o estoque, na distribuição e na avaliação da demanda. “Ela nos ajuda a realizar projeções nos picos de vendas, que são os mais críticos, e, portanto, permite tomar decisões com antecedência, o que faz toda a diferença nesse setor.”
Entre suas características pessoais na liderança que pensa ter contribuído para o bom andamento do projeto, Santos destaca a proximidade com a equipe, a boa vontade em ouvir, dar espaço para que as pessoas interajam e o empenho em promover a colaboração. “Acredito que essas tenham sido as chaves. Contudo, não podemos nos esquecer da disciplina. Sem muito glamour, sem muito degrau”, ensina o executivo.

