Consultora avalia franchising

O franchising brasileiro cresce a cada dia tanto em faturamento como em número de unidades. São aspectos que comprovam que o sistema consolidou-se como um caminho interessante para aqueles que querem ter um negócio próprio.

Esta evolução, na opinião de Melitha Novoa Prado – uma das mais especializadas e respeitadas consultoras em relacionamento de redes – já deveria ter eliminado dois problemas que insistem em ‘rondar’ o sistema: a falta de transparência na relação entre o franqueador e franqueado e também a ineficiência no processo de seleção. “Há uma desproporcionalidade entre os números conquistados pelo franchising e a qualidade e perenidade das relações”, exemplifica. “E, na minha opinião, não há mais espaço para este tipo de problema”.

Com relação à falta de transparência na relação com o franqueado, Melitha acredita que o franqueador nem sempre entende o que é ser verdadeiramente transparente. “Não basta dar Circular de Oferta de Franquias, treinar e mostrar estudos de viabilidade financeira. O franqueador precisa informar quem são as pessoas que fazem parte da estrutura da empresa; quais as atribuições de cada uma; como é a dinâmica da relação com os fornecedores; quais são os valores da empresa e qual é o objetivo da marca, entre outras questões”, comenta.

A consultora cita que, numa reunião com um franqueado, assustou-se quando percebeu que, mesmo estando na rede há quase um ano, ele não conhecia a estrutura da própria franqueadora. “Muitas marcas ‘recrutam’ o franqueado e o jogam numa loja sem nenhum tipo de suporte. Ele não sabe quase nada sobre a marca que trabalha e na qual investiu. Isso é inadmissível”.

Sobre processo de seleção, Melitha adverte – e lamenta – que muitas redes ainda não dão a devida atenção a este processo, o mais importante de todos. “Se o franqueador selecionou mal, vai ter problemas com toda a certeza”, adverte.

“Noto que muitas redes ainda selecionam de forma incompleta e inadequada. Não entenderam que o perfil do franqueado mudou muito e que o processo de seleção não pode ser defasado. Ao contrário, precisa ser constantemente revisto”, continua a consultora.

Melitha propõe que os franqueadores deem mais atenção ao processo de seleção. “Além de proteger suas redes, eles estarão fazendo uma defesa do sistema de franchising brasileiro – que tem toda condição de continuar evoluindo em números”.