Gigantes dominam shoppings de Belo Horizonte

Verdadeiros templos de consumo, os shoppings têm poucos reis na atualidade. Os chamados sócios minoritários estão em número cada vez mais reduzido, depois da entrada dos grandes conglomerados no setor. Segundo contam eles próprios, o fenômeno começou há cerca de cinco anos, com a melhoria da economia brasileira atraindo o interesse dos maiores grupos estrangeiros ao país.

Em Belo Horizonte, a última movimentação no segmento ocorreu no Pátio Savassi. O shopping anunciou, na quarta-feira (18/08), sua expansão em cem lojas, integrada com a revitalização da Região da Savassi, dias após o Grupo Multiplan aumentar sua participação de 80,9% para 96,5%. Em BH, a Multiplan já controla 90% do Diamond Mall e 80% do BH Shopping. Nos dois casos, os percentuais restantes estão nas mãos da Caixa dos Empregados da Usiminas.

A cota de 15,6% era de Helder Mendonça, dono da Forno de Minas e um dos idealizadores do empreendimento. O nome de Helder Mendonça esconde-se atrás das siglas da empresa MK Empreendimentos, que também esteve presente nos bastidores do ItaúPower Shopping e mantém parte do Plaza Anchieta, que será inaugurado no bairro da Zona Sul que inspirou seu nome, além de participações no Cariri Shopping, do interior do Ceará, e no Plaza Macaé, no Rio de Janeiro. Ele recusa, porém, o título de rei dos shoppings. “Meu berço é a Forno de Minas, que retomei no ano passado. Sou mais ligado à indústria do que ao comércio. O shopping surgiu mais como necessidade de investimento”, afirma.

Ele esclarece que o negócio dos shoppings exige disponibilidade de capital e de tempo para dar lucro. “A máxima dos shopping é que são necessários três Natais para pegar. O Pátio foi uma surpresa e já nasceu maduro. O Itaú inaugurou com dificuldades e com apenas 27 lojas. Como era bem-ancorado, tornou-se um dos melhores do ramo, com quase 300 lojas”, compara.

Como os bons vinhos, os shoppings amadurecem com o tempo. Vide o exemplo do Shopping Cidade, que será reinaugurado em 30 de abril de 2011, no dia em que completa 20 anos de fundação. Antes disso, já começaram a funcionar o espaço gourmet e novas salas de cinema. “O setor de shoppings está cada vez mais concentrado nos grandes conglomerados, que estão fugindo da Europa e dos Estados Unidos em crise, e descobrindo o potencial do Brasil”, observa a superintendente Luciane Starling.

O Shopping Cidade ainda mantém 25% da participação com a Castor Participações, de Ítalo Gaetani, e outros 25% com a Itamaraty de Minas, empresa formada por pessoas físicas que preferem não revelar a identidade. Mas a metade do empreendimento está com a Brookfield Incorporações (não confundir com a loja de roupas), fundo canadense que era chamado de Brascan.

Já o mais novo centro de compras de BH, o Boulevard Shopping, com inauguração prevista para 26 de outubro, marca a entrada, em Minas Gerais, da Aliansce Shopping Centers (70% do total). A empresa é constituída por uma joint venture entre a pioneira Nacional Iguatemi, do empresário Renato Rique, de São Paulo; a americana General Growth Properties (GGP), segunda maior empresa de shopping centers no mundo; e a Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Os outros 30% pertencem à NRG Empreendimentos Ltda, sigla formada pelo minoritário Nelson Rigotto de Gouvêa, empresário do setor imobiliário.

Para o dono da Forno de Minas, um dos grandes empreendedores do segmento é Eduardo Gribel, da Tenco Realty. Desde 1990, a empresa deixou de ser uma construtora convencional, passando a atuar no desenvolvimento e na administração de shoppings. Eduardo faz dobradinha com sua mulher, Adriana Gribel, da Batur Empreendimentos e Participações e especialista em shopping centers pela Fundação Getulio Vargas. A atuação do casal se confunde nos projetos do ItaúPower Shopping, Ponteio Lar Shopping, Pátio Savassi, Plaza Anchieta e Villaggio Gutierrez, só para citar a Região Metropolitana de BH.