As enchentes em Alagoas e Pernambuco causaram problemas ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (INGE), que inicia em 2 de agosto os trabalhos de coleta do Censo 2010. O principal obstáculo é que as 33,3 mil casas e as centenas de prédios públicos destruídos pelas cheias dos rios já estavam mapeados e cadastrados no sistema de informática dos recenseadores, que agora terá que ser reformulado. Segundo o IBGE, será preciso também identificar os prédios que estão servindo de abrigos às vítimas das enchentes.
“Vamos ter que identificar e mudar vários registros de locais como escolas e igrejas, que foram incluídas no programa como instituições. Esses locais vão passar a ser domicílios coletivos. Só que essa tragédia aconteceu quando os sistemas dos computadores portáteis dos recenseadores já estavam programados, os mapas de atuação prontos, e vamos ter que mudar, assim como vamos ter que deslocar recenseadores de áreas previamente definidas”, afirmou o chefe do IBGE em Alagoas, Adalberto Ramos.
No Estado, que tem a maior destruição (19.164 casas destruídas ou danificadas) no Nordeste, a corrida é contra o tempo. A previsão é que os trabalhos durem pelo menos um mês a mais que o previsto anteriormente, embora o prazo de quatro meses para coleta de dados não esteja a princípio comprometido. “Estávamos com a previsão de concluir os trabalhos em 30 dias, mas esse prazo deve ser o período somente para ajustes no programa. Devemos levar pelo menos dois meses para terminar a coleta”, explicou Ramos. Em Pernambuco, a unidade do IBGE também disse que teve problemas com as enchentes. O posto de coleta do município de Barreiros, por exemplo, foi destruído pela enchente e o local terá que ser substituído.
Mas, segundo o chefe da unidade estadual do IBGE, Nilton Nadai, a expectativa é que as famílias já estejam alojadas fora de prédios públicos até o início de agosto, quando começa a coleta. “Nós estamos realizando esta semana um encontro dos supervisores do Censo, que podem nos apontar alguma dificuldade nesses municípios atingidos. Mas acredito que até o início da coleta teremos as famílias já nas barracas e faremos a contagem das famílias nesses locais, e não em abrigos”, afirmou.
Nadai também admite que pode existir atraso no início da coleta de dados nas áreas mais atingidas. “Podemos ter atraso de 15 dias, no máximo, para esses ajustes, mas nada que venha a prejudicar o Censo num todo. O prazo para conclusão é amplo e vamos concluir tudo sem problemas. Nós teremos ainda o treinamento dos recenseadores, e eles já vão ser direcionados para atuar nessa nova perspectiva”, disse.
Os municípios mais prejudicados pelas chuvas poderão usar um mapa completo das cidades brasileiras, atualizado pelo IBGE até o último dia 30 de maio, para ajudar na identificação de imóveis destruídos. Os dados fazem parte do levantamento prévio do Censo e aponta ruas, prédios públicos, casas e até mesmo os postes de cada cidade do país. “Esses dados vão ajudar as defesas civis e os governos, já que apontam bem onde existiam casas antes das enchentes. Isso deve evitar que pessoas se infiltrem entre os desabrigados. Todo esse material já foi repassado às autoridades”, afirmou Adalberto Ramos.
Segundo ele, o Censo 2010 também vai ajudar o trabalho de catalogação de prédios destruídos, já que todos que constarem na lista prévia, e não forem encontrados, serão contabilizados pelos recenseadores. “Cada recenseador irá visitar todos os locais pré-estabelecidos, independente da destruição, e apontar como domicílios não existentes. Será precisado assim o número de casas e prédios públicos destruídos”, afirmou.

