Setor calçadista contrata mais após aumento de alíquota

Após sofrer com a concorrência considerada desleal dos produtos chineses vendidos no Brasil abaixo do custo de produção, numa prática conhecida como dumping, o setor de calçados se recuperou e está otimista em relação ao mercado. De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso, as medidas antidumping adotadas pelo governo federal em setembro do ano passado permitiram que o setor gerasse mais 60 mil empregos, chegando a 360 mil postos de trabalho.

A avaliação foi feita durante a abertura da 42ª edição da Feira Internacional da Moda em Calçados e Assessórios (Francal), no Pavilhão de Exposições do Anhembi, zona norte da capital paulista. O presidente da feira, Abdala Jamil Abdala, disse que o mercado calçadista vive um bom momento.

Segundo ele, as vendas do setor no varejo cresceram 7% nos primeiros seis meses do ano e devem expandir mais 14% durante o próximo semestre. A grande preocupação dos empresários, atualmente, é que ainda existem brechas para burlar as medidas antidumping. Recentemente, o Brasil sobretaxou produtos chineses para conter a prática de dumping que prejudicava a indústria local.

Segundo Cardoso, já é possível verificar um aumento expressivo das importações de calçados desmontados ou de países ainda não cobertos pela taxação extra. Segundo a Abicalçados, a Malásia, por exemplo, tem servido de intermediária para o produto chinês chegar ao Brasil, burlando as restrições tarifárias. Atualmente, o calçado chinês é taxado em US$ 13,85.

Para fugir da medida antidumping, os chineses estariam exportando peças e componentes para outros países que, ao finalizar o produto, o venderiam a preços baixos nos países importadores. “O crescimento [das importações] é grande. Algumas associadas já identificam perda de negócio para essas exportações ilegais”, ressaltou o presidente da associação.

Cardoso teme que, caso não se tome uma atitude rapidamente, essas importações possam impactar a indústria calçadista. “Nós precisamos agir rápido porque, entrando no segundo semestre, o maior período de vendas, podemos ter um efeito de golpe, como no último trimestre de 2008”, alertou.