A proximidade das festas de fim de ano e de datas comemorativas como o Dia dos Pais e o Dia da Criança deve impulsionar as vendas no comércio. Com delas, bancos e financeiras também devem lucrar. A previsão de crescimento de crédito está na casa entre 10% e 11%. Além disso, a união de Grupo Pão de Açúcar e Casas Bahia deve trazer uma nova configuração na competição pelo crédito ao consumo. A primeira tem contrato de exclusividade com o Itaú Unibanco; a segunda, com o Banco Bradesco.
O balanço do Banco Central mostra que a modalidade “crédito pessoal” aumentou 24,5% em 12 meses, até maio. Ao todo, o saldo de crédito concedido é de R$ 183,133 bilhões ao fim do mês de maio, ante R$ 178,706 bilhões em abril deste ano.
Para o economista Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o potencial de crescimento de crédito para o varejo, até o final do ano, deve estar entre 10% e 11%. “É um comportamento muito parecido com o desempenho do varejo.” Solimeo ressalta que as financeiras devem apresentar bons resultados, mesmo com o aumento da taxa básica de juros, a Selic. Segundo ele, o impacto neste mercado se dará no ano que vem. “Aumentos crescentes e graduais não são sentidos de imediato.”
Ele calcula que a velocidade de crescimento do varejo na segunda metade do ano deva arrefecer ante a do primeiro semestre. Contudo ele não considera o fato um problema. “O segundo semestre de 2009 viu um nível maior de atividade porque foi alavancado, principalmente com as medidas anticíclicas para alguns setores, como o de eletroeletrônicos. A base de comparação é maior do que a primeira metade.” Com este panorama, o economista da ACSP entende que, ao invés de um crescimento do setor de entre 12% e 14%, o varejo deva crescer entre 10% e 12%: “Resultado muito bom”.
Solimeo não acredita em escassez de crédito para financiar as compras. Ele reforça a tese de que este mercado tem liquidez, dinheiro em caixa e muitas alternativas para o consumidor. “Podemos destacar o crescimento do crédito direto, as vendas com cartão, seja ele de redes de varejo (private label) ou embandeirado (co-branding), e o crediário da loja ou de financeiras.”
A constatação do especialista combina com a pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) que mostrou que o Brasil encerrou o primeiro semestre de 2010 com a marca de 597 milhões de cartões de crédito, débito e private label. Segundo a associação, o crescimento foi de 10% em comparação a junho do ano passado. Ao todo, foram movimentados R$ 244 bilhões no primeiro semestre, número que significa uma expansão de 21% em relação ao mesmo período de 2009, em 3,3 bilhões de transações. O economista Marcel Solimeo acredita ainda que o crédito tem sido o ponto mais relevante para vendas no varejo e até mesmo, em outros segmentos.
Acreditando em desaceleração, Fernando Blanco, presidente do Instituto para o Desenvolvimento da Cultura do Crédito (IDCC) disse que o consumo cresceu muito por causa da concessão de crédito, contudo o salário das famílias não cresceu no mesmo ritmo. “É natural que haja um recolhimento no crédito. Chegamos a um ponto do ciclo forte de expansão e deve ficar estável. É um ciclo normal.”
A fusão de Casas Bahia e Grupo Pão de Açúcar pode configurar um novo momento da concessão de crédito no Brasil, acreditam agentes de mercado. O economista da ACSP Marcel Solimeo não acredita em mudanças radicais num primeiro momento. Para ele, a Casas Bahia deve manter as características de financiar compras parceladas à população de baixa renda. “Do outro lado, o Grupo Pão de Açúcar consegue atingir classes mais abastadas.”
O ponto-chave em relação aos financiamentos das duas varejistas é que a Casas Bahia tem contrato de exclusividade com o banco Bradesco, e o Pão de Açúcar, com o Itaú-Unibanco.

