A Copa de 2014 inspira o sonho brasileiro do hexa e também o de ganhos financeiros na bolsa de valores. A certeza de que a realização da Copa no Brasil, daqui a quatro anos, e também da Olimpíada, em 2016, vai movimentar os negócios no País, provocou o lançamento de uma série de fundos para aplicação em ações de empresas que tendem a se beneficiar com os dois eventos. A maioria deles é focada em papéis de companhias de infraestrutura e logística, como siderurgia, energia elétrica, saneamento, telecomunicação, transportes, indústria de base e construção civil.
É o caso dos fundos do Banco do Brasil, da Caixa e do Santander, criados neste ano, e do Bradesco, em 2006. Já o Itaú começou a captar em junho para outro fundo mais amplo, o Momento Esporte, que investe também em ações de varejistas. Segundo o gerente de fundos diferenciados do Itaú, Guilherme Rebouças, 37% dos recursos do fundo estão aplicados em ações do setor de consumo, como Ambev, Lojas Americanas, Net, Localiza e Pão de Açúcar.
O setor imobiliário concentra no momento 21% do capital do fundo. Como os Jogos Olímpicos serão no Rio de Janeiro, o Itaú privilegiou empresas com maior presença na cidade, como Cyrela, PDG Realty, Brookfield e as administradoras de shoppings BRMalls e Multiplan. “Temos também 7% aplicados no setor aéreo e 6% na Gerdau, que produz aços longos, usados em construção pesada.”
De acordo com Antônio Cássio Segura, gerente-executivo do BB, o banco estuda ampliar o leque de investimentos do fundo de infraestrutura, incluindo também papéis do setor de shoppings e hotelaria. Ele descarta, no entanto, papéis de varejistas. “É um setor que se beneficia do crescimento da economia como um todo. Mas os eventos vão provocar uma alta pontual nas vendas, no mês de realização das competições. As companhias de infraestrutura se beneficiam por um tempo maior, pois as obras começam antes.”
Um lamento comum entre os gestores é a carência de papéis de empresas que serão fortemente afetadas pela Copa e Olimpíada, como as hoteleiras e as empreiteiras. A ação do Othon, que sobe 32% no ano e 253% em 12 meses, não é considerada boa opção, pela baixa liquidez. “O problema da bolsa brasileira é que ela não reflete o PIB nacional”, diz.
Com a forte queda da BM&FBovespa em 2010, todos os fundos têm queda no ano. “Quem aplica em um fundo de ações deve ter visão de longo prazo. Se houver perdas devido à volatilidade, há tempo para recuperar o investimento”, alerta Eliana Motta, gerente da Caixa. Com exceção do fundo do Itaú, os demais são abertos a qualquer pessoa. A aplicação inicial varia de R$ 200 a R$ 5 mil e a taxa de administração vai de 2% a 4% ao ano. Sobre o lucro, incide Imposto de Renda de 15%.

