Qual é a importância de poder ter sobre a mesa do trabalho uma foto dos filhos ou aquele suvenir que sempre traz boas lembranças?
Para quem não tem essa chance, a resposta é “muita”. É o caso de profissionais terceirizados –como consultores, analistas e auditores que são registrados por uma empresa, mas atuam em outra. Ao se dedicarem boa parte do tempo à empresas com que não possuem vínculos contratuais, correm risco de se depararem com uma crise de identidade corporativa. “Eles sentem falta de símbolos como a mesa própria com porta-retratos da família”, conclui Diana Johnson em dissertação de mestrado defendida no Instituto Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Após acompanhar o dia-a-dia desses profissionais em empresas distintas, Johnson constatou que, sobretudo para os mais jovens, faz falta não poder dar um toque pessoal ao local de trabalho. O estudo destaca a sensação de dualidade dos consultores, pois representam dois papéis e seguem regras do cliente e da consultoria. “A situação pode causar desconforto ao profissional”, destaca Luciana Mourão, diretora da Sociedade de Psicologia do Trabalho (SBPOT).
A cultura profissional brasileira intensifica a questão. “Aqui, há necessidade de vínculo”, diz Carlos Eduardo Autona, sócio-diretor da consultoria de RH Exec. “Na Europa, há menos vínculos nas relações de trabalho”, reforça Gil van Delft, diretor da Page Personnel.

