No final do ano passado, um estudo divulgado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) indicava que as perdas no setor varejista, no Brasil, atinge, em média, a marca de 2,05% do faturamento de uma organização. O índice, já bem significativo, torna-se mais alarmante quando analisado em conjunto com novos estudos que apontam os prejuízos registrados anualmente no setor. Na última semana, foi a vez do Programa de Administração do Varejo (Provar) divulgar um estudo que analisa as perdas no setor varejista brasileiro e revela que esse montante alcança a casa dos R$ 11,6 bilhões/ano.
Segundo a Provar, as grandes redes chegam a investir 30% do seu lucro em tecnologia para estancar o problema. Além do prejuízo causado por furtos externos e internos, 14% desse montante escoa em razão de erros administrativos; 5,8% problemas com fornecedores. De acordo com o Centro de Pesquisas do Varejo, da Grã-Bretanha, o Brasil é o sétimo país com mais problemas de perdas nesse segmento.
A tecnologia tem sido uma aliada na busca por soluções, com recursos para minimizar essas perdas em muitas frentes – uso de sistemas integrados e prevenção a furtos, por exemplo. Também o Kaizen tem despontado como forte opção no controle e redução das perdas e reversão dos prejuízos em melhor produtividade e resultado final. A exemplo do que a indústria já pratica há muitos anos, a metodologia do Kaizen pode estabelecer melhor controle de estoque, mais eficiência na distribuição e alocação de mercadorias, padronização dos procedimentos internos de forma a evitar erros que provocam perdas sistemáticas e de grande volume.
Combater as causas dessas perdas exige um aprofundado diagnóstico dos processos adotados por uma rede varejista. O esforço vale a pena. No setor industrial, quem apostou nas ferramentas do Kaizen para redesenhar sua produção, logística e fluxo operacional, já conseguiu minimizar os efeitos desse inimigo da lucratividade, alcançando reduções de até 50% nos seus índices de perdas. Há algum tempo, a eficácia do Kaizen chegou em outros segmentos. Em alguns países da Europa, o conceito já tem sido aplicado com sucesso em grandes redes de varejo.
O Grupo Sonae, em Portugal, é um exemplo de como as ferramentas do Kaizen podem melhorar o fluxo logístico e de estoque. No ano passado, a imprensa internacional divulgou que a rede Starbucks também estava aderindo ao Kaizen para aumentar sua eficiência e reduzir custos operacionais, sem comprometer a segurança nem o atendimento em suas lojas, e envolvendo os colaboradores da rede na aplicação do Lean Manufacturing, principal ferramenta do Kaizen.

