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CLIMA E DESERTO
“Nós pegamos o conceito do souk sombreado e aplicamos ao
shopping. A sombra profunda ou manchada, fontes e piscinas
que ajudam o resfriamento, redes de pátios, becos e praças
são todos os elementos da arquitetura árabe e aqui eles são
usados para facilitar uma arquitetura interior-exterior”, avalia
o arquiteto responsável pelo projeto, Norman Foster.
O clima ameno que prevalece por seis meses do ano –
entre novembro e abril – deixa o visitante suficientemente
confortável para passear pelas alamedas e sentar-se do lado
de fora das lojas. Foi o clima que inspirou a sequência de
rotas e praças públicas, que dissolvem as barreiras entre
“dentro” e “fora” do empreendimento.
À noite, esses mesmos locais são utilizados para a realização
de festas e para celebrações – com a garantia de refrigeração
natural. Isso enquanto as condições da estação permitem.
No resto do ano, esses átrios são cobertos com painéis que
assumem a função de telhados – eles deslizam e se retraem,
de acordo com a necessidade dos varejistas e transeuntes.
As perfurações no interior dos painéis de teto – um padrão
desenvolvido com um estudioso das artes islâmicas –
continuam por todo o exterior, envolvendo a construção
em uma fachada texturizada. O design dos painéis é
baseado em formas octogonais, que fazem referência tanto
aos tradicionais azulejos Zellij quanto às pesquisas mais
recentes em geometria matemática.
Continuando a vegetação de Abu Dhabi, o espaço é
generosamente paisagístico, inclusive com a presença de
jardins sobre os telhados. Erguendo-se acima desta densa
esteira infinita, é um conjunto de edifícios altos, que variam
em altura e volumetria, de acordo com o uso (residencial,
comercial ou uma combinação de ambos). Visualmente
eles formam uma família, com fachadas lisas, reflexivas,
destinadas a precisar de pouca manutenção neste ambiente
desértico e empoeirado.